Uma formiga escalou o prédio, e veio parar aqui, nessa sala. Imagine que jornada, quanto tempo ela levou para vir de onde veio, ate aqui. Para elas, nossos passos são a imensidão, do que para nós, é o universo. Nosso simples caminhar, um fim apocalíptico. Nosso sopro, a tragédia de uma árdua busca por alimento. Nossas mãos, um deus que, por prazer, tira-lhe o lar ou a vida, antes do próximo inverno chegar. Para elas, nossos gestos mais simples, ditam todo o seu propósito existencial e ate onde tudo que construiu permanecerá. Você percebe que tendo como perspectiva o universo, somos nós a habitar mais um das centenas de bilhões de formigueiros? Se considerarmos que existem mais estrelas no espaço, que grãos de areia nesse planeta, para o cosmo, o que somos afinal? Partículas atômicas ou quem sabe, subatômicas? Um próton rodeando incansavelmente um pontinho de energia em um grão de areia? Como um próton, vivemos rodeando as perguntas, e a medida que encontramos as respostas, esquecemos quem somos, do que há, dos mais complexos organismos aos mais simples e dos que nadaram conosco, a alguns bilhões de anos trás. A necessidade de saber o passado, limita-se onde lembraremos do futuro. Buscar nossas origens, primordialmente, deve insitar o intelecto, para, de maneira filosófica, entendermos de onde viemos e para onde vamos. O universo é a arte que se cria, é a arte que nos leva a possibilidades infinitas, partindo do nada, para o tudo. Não podemos falar do universo, sem falarmos de nós. Não compreenderemos o universo, se não nos compreendermos. Somos o tudo e o nada, a expressão simples do impossível e inexistente, a arte, nós somos deus. Ao lermos, olhamos para fora, e vemos a natureza... Ela é bem maior do que se vê. Olhe além das árvores e nuvens; O céu negro, os astros, pulsares e quasares, eu, você e nossa consciência, que é mais brilhante que o sol. E quando voltamos ao inicio, vemos que as formigas ainda estão lá, e nós, em mais um gesto egocêntrico, tentando achar em que lugar estamos nessa cadeia cosmológica. Talvez o propósito seja viver, e não entender porque vivemos, e como o sol, engrandesser-nos antes de partir.
( Leonardo Ribeiro )
Perspectiva nº61
SENHOR DAS FORMIGAS
ResponderExcluircai do céu
xixi de menino
danifica
inunda
minha casa
desorganiza
num único gesto
obrigados somos
a submeter-mo-nos
minúsculos que somos
frágeis
continuamos
a trabalhar sem razão
espremidos contra o chão
sob o céu do senhor
por favor, a próxima tempestade!