Barulho de um silencioso desgaste da mente - ela me fala.
Mãos e braços tensos e exaustos já invulneráveis a dor se calam – cessam.
Mente imersa no nada clama pelo meu corpo, que já não me pertence mais.
Fato dizer que a eles vendo meu corpo – alto-escravizado ao mundo.
Eu me perco, e me rendo.
Só não perdem os operários
Operários de ferro,
aqueles nunca perdem o ritmo!
Nunca desandam, não andam, mas não param - só trabalham.
O produto dali (me incluindo) entra e sai
em um ritmo rápido, e mesmo que um saia
outros passarão em seu (meu) lugar
em um ritmo certo e perfeito.
Já ,diferente de mim, esses operário não sentem,
suas mãos não doem,
seus dedos não calejam, nem sagram.
Já os meus, não agüentam mais
Não funcionam como antes.
Assim serei descartado
e outros descartáveis como eu
o lugar perderão, para que um desses operários da inovação
torne-se um titular, e assim de dez dos meus tome o lugar.
Porque afinal...
Eles nunca reclamarão de salários injustos
Nunca reclamarão por não receber horas extra
Não pela dor, pela injustiça, exploração.
Eles sempre serão perfeitos e fieis, e eu... talvez não.
Nos já perdemos o controle, produzimos o que nos torna inúteis – nos mata.
Assim como os disco LP - tecnologia ultrapassada
nós nos tornaremos ultrapassados também
e eles... com suas juntas roldanas, nos envolvem ao seus fluidos negro.
O orgânico não mais será, negara o ser e se negara, para aceitar a nova era sintética.
Aceite a inovação, aceite que o homem cava seu próprio fim.
( Leonardo Ribeiro )
Perspectiva nº18
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