Ouvidos, lábios e olhos...
do que adiantam a eles, o que não me ouvi
ao lábio de quem não me toca
ao que não me vê...
dos corações que não me sentem, que me matam as mentes
transbordo aos bordos dos limites... entrego-me ao êxtase da paz sintética, que me apagam, e da minha mente apagam mesmo quando eu posso ver...
e quando isso passa, a beira dos meus pés, abismos desmoronam
secos, arenosos; meu chão...
Som da pedra no poço seco, sinto a alma no mesmo, pelos olhos molhados
presente penoso, do passado que se fez doloroso, ao ver a felicidade partir a uma viagem sem fim... e no balanço da rede, em um leito de morte, vejo o que nunca vi, nem motivos para partir, nem compreensão para o inicio de uma longa pena a ser paga em vão... e no vão estreito do penhasco da solidão, vejo o vôo das andorinhas; e tenha certeza, uma andorinha nunca voara só... e na travessia do medo, uma das andorinhas me disse que nem mesmo a mais afiada espada esta livre de ser desamolada, mas sempre existira um alguém capaz de renovar seus fios... E como num sonho, aperto meus olhos, e ate três eu conto, e deixo que ele flua...
Pois o fluido da dor, desamarra as amarras presas ao lombo
Libertando a carne desse casulo fosco e desbotado
Criado pelos demônios que me aprisionaram...
E do ponto onde eu nasci, ao ponto onde me perguntei do que seria o meu agora, eu vivi... talvez não hoje, ou amanha, mas quem sabe depois... renasça, a fênix...
( Leonardo Ribeiro )
Perspectiva nº54
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